sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Imagens do Tabatinga


Correnteza fina:

às margens flutuam

os restos do rio.

E peixes afoitos



-piabas e guarus-

afloram na linha

d`água. Passarelas

de mato cobrindo



a corrida riacho

mentem o murchar-se

do fluxo ardente

em tímido fio



que quase parando

escorrega manso

entre sufocantes

margens. Já cansado



de sua caminhada

longa, encerrando

na clausura (bordas

de seu caminhar



no próprio caminho

que é) este sempre

novo correr lento

de rio indolente.



Do poeta não

conhecer o rio

desde seu cair

nascente - firmeza -



só saber o rio

preguiçoso, parvo

em sua indefesa,

rio assassinado



É o mostrar trágico

do morto-vivaz

em paradoxal

condição: palavra.



Mas já conheceu

o poeta rio

lógico no simples

correr-correnteza



( o mesmo que hoje

suicida cadáver

quase, enlouquece

em lenta jornada)



num ritmo de salto

das linhas - em curso,

correnteza - enxutas:

rio em madureza.



Olhado, porém,

em margem diversa

ou sem margem (só

a enchente do rio



transborda nas beiras

corrida veloz)

trorna-se verdade

n´água seu enterro

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