Correnteza fina:
às margens flutuam
os restos do rio.
E peixes afoitos
-piabas e guarus-
afloram na linha
d`água. Passarelas
de mato cobrindo
a corrida riacho
mentem o murchar-se
do fluxo ardente
em tímido fio
que quase parando
escorrega manso
entre sufocantes
margens. Já cansado
de sua caminhada
longa, encerrando
na clausura (bordas
de seu caminhar
no próprio caminho
que é) este sempre
novo correr lento
de rio indolente.
Do poeta não
conhecer o rio
desde seu cair
nascente - firmeza -
só saber o rio
preguiçoso, parvo
em sua indefesa,
rio assassinado
É o mostrar trágico
do morto-vivaz
em paradoxal
condição: palavra.
Mas já conheceu
o poeta rio
lógico no simples
correr-correnteza
( o mesmo que hoje
suicida cadáver
quase, enlouquece
em lenta jornada)
num ritmo de salto
das linhas - em curso,
correnteza - enxutas:
rio em madureza.
Olhado, porém,
em margem diversa
ou sem margem (só
a enchente do rio
transborda nas beiras
corrida veloz)
trorna-se verdade
n´água seu enterro
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