sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Nau-Açu


I



Ao abrir-se ( pois é


Afiado fio, lâmina:


Produto do ofício


Nascido da lógica


em mente artesã),


É tema vibrante


Retido nas linhas,


Urdidura breve


Tecida em firmeza


(Para ser prisão),


Verso matemático


(Para ser porto)


Onde, pois segura,


Descanse a palavra




Ao abrir-se na mente


Fere mais profundo


Pois é afiada


Esta arma branca.


E a penetração,


Talvez com mais dor,


Seja (completude)


O clímax da luta


poeta-leitor,


(ferido de morte


Aquele que lê)


Penetrada a carne


Com o texto lâmina:


Poema mortal


II


Ao fechar-se verso


É reino hermético


Reino criticado.


Mas não vem fantástico


Este verso sujo


E imaturo, rustico.


Vem da clareza,


Do trabalho, busca.


Vem ( grande labor)


Da luta poeta-


Poeta, da luta


Poeta-poema


(quase que indomável)


Que é mais complexa




Ao fechar-se nau


Na mente cradora


É longo caminho,


Estreita vereda


No mar cerebral.


É a folha branca


Aguardando o verso:


Desafio diário.


É a construção


Desenhada, clara


Desta nau poesia


Criada em angústia,


Frieza, cansaço


E ardente ferida


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