I
Ao abrir-se ( pois é
Afiado fio, lâmina:
Produto do ofício
Nascido da lógica
em mente artesã),
É tema vibrante
Retido nas linhas,
Urdidura breve
Tecida em firmeza
(Para ser prisão),
Verso matemático
(Para ser porto)
Onde, pois segura,
Descanse a palavra
Ao abrir-se na mente
Fere mais profundo
Pois é afiada
Esta arma branca.
E a penetração,
Talvez com mais dor,
Seja (completude)
O clímax da luta
poeta-leitor,
(ferido de morte
Aquele que lê)
Penetrada a carne
Com o texto lâmina:
Poema mortal
II
Ao fechar-se verso
É reino hermético
Reino criticado.
Mas não vem fantástico
Este verso sujo
E imaturo, rustico.
Vem da clareza,
Do trabalho, busca.
Vem ( grande labor)
Da luta poeta-
Poeta, da luta
Poeta-poema
(quase que indomável)
Que é mais complexa
Ao fechar-se nau
Na mente cradora
É longo caminho,
Estreita vereda
No mar cerebral.
É a folha branca
Aguardando o verso:
Desafio diário.
É a construção
Desenhada, clara
Desta nau poesia
Criada em angústia,
Frieza, cansaço
E ardente ferida
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