segunda-feira, 21 de março de 2011

Outros olhares sobre Teresa

teu centro:
tão externo,
à flor,
à vista
quanto a pele que veste o concreto de teu corpo

teu dentro:
tão fora,
ao avesso,
aberto
que és violentada por todos os foras

quarta-feira, 2 de março de 2011

Poéticas da Alvorada


I

Produzir a manhã
em cristal exato

que condense
clareza e consciência,

percorrendo-a,
ir mais, além de sua essência

II

Tirar palavras do nada,
de uma presença vazia,
é menos que recortá-las,
manuseá-las frias
e domá-las, possuí-las,
violar e esquentar suas entranhas pias

III

Povoar de palavras necessárias
o verso, o poema, a poesia
povoar e anular
neles todo excesso e segredo,
toda brasa,
toda fuga, todo vôo
que não este,
sobressalto,
pássaro sem asa,
pedra no caminho

IV

Cada dia meu
é de se fabricar coisas,
elaborar, traçar linhas,
entretecer amanhãs,
fundir palavras em palavra,
lutas vãs,
tantas dentro de minhas horas
de suor e fazer
nessa oficina
onde espero
a luz higiênica de um sol
para queimar a mão suja
antes do escrever