I
Produzir a manhã
em cristal exato
que condense
clareza e consciência,
percorrendo-a,
ir mais, além de sua essência
II
Tirar palavras do nada,
de uma presença vazia,
é menos que recortá-las,
manuseá-las frias
e domá-las, possuí-las,
violar e esquentar suas entranhas pias
III
Povoar de palavras necessárias
o verso, o poema, a poesia
povoar e anular
neles todo excesso e segredo,
toda brasa,
toda fuga, todo vôo
que não este,
sobressalto,
pássaro sem asa,
pedra no caminho
IV
Cada dia meu
é de se fabricar coisas,
elaborar, traçar linhas,
entretecer amanhãs,
fundir palavras em palavra,
lutas vãs,
tantas dentro de minhas horas
de suor e fazer
nessa oficina
onde espero
a luz higiênica de um sol
para queimar a mão suja
antes do escrever
Escrevi um comentário demonstrando todo o sentimento de leitor que aplaude instantaneamente ao término da leitura, mas o servidor deu erro e lá se foram minhas simples palavras pelos códigos cibernéticos da vida... Então, vamos lá tentar novamente, mesmo que eu não consiga resgatar o que disse, pois sinto necessidade de registrar:
ResponderExcluirQue lindo!
Escrever é a Labuta da tua Alma!
Não tenho dúvidas que teus dias são Escrever.
Mesmo que a luz não seja "higiênica" ou a mão permaneça "suja", mesmo assim deves escrever! E sempre sentimos tua alma transbordando e transcendendo a cada verso.
Fico impressionado com essa epifania, com essa tua capacidade de escrever sobre tudo e em qualquer circunstância... do escrever às "banalidades", do suspiro instantâneo ao mergulho no passado, do amor pela terra, Igarassu a Terezas...podes tudo! O mais incrível é que tal epifania não nasce de prosas, é tudo poesia e das mais arquitetadas, sublimes, retocadas em detalhes, tal como o ilustre "Severino" que te inspira!
Escreva. Sempre.
(Longa pausa)
Aplausos!
Rapaz, você precisa divulgar mais isso. Depois de ler "Poéticas da Alvorada", você deveria recitar isso e filmar. Aliás, só pela descrição do teu perfil já dá pra notar que quem gosta de poesia não tem como não se deleitar.
ResponderExcluirParabéns. Um abraço.