segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
Poema de quando vi um menino na rua II
sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
Tumbeiros
Poema de quando vi um menino na rua I
terça-feira, 8 de novembro de 2011
Aos Companheiros de Ofĩcio
cala-te
e procura neste silêncio a eloquência do infinito, revisitando a memória, perscruta toda fuga, prova toda loucura, alcança o impensável, instaura o intangível, transgride o sacro e brando, então, quando as fronteiras tiverem ruído e alargados os horizontes, abre teus olhos e afia tua voz, pois terás diante de ti o retábulo da vida, a tela barroca dos instantes e o vazio, e sentirás que a poesia é da busca, não importando se encontrarás no fim (mesmo se houvesse um fim) aquilo que não se limita, alcança, abraça, que nossas tão poucas duas mãos não afagam mas como algo dentro de nós, lá onde não se divisa carne, osso e matéria etérea, no cerne, no caroço do corpo reside e prova o que fica. Para que serve o amor? a amizade? a poesia? me faço tais perguntas como um dia fez um grande poeta, e como ele não as respondo, sei do quanto é inútil a certeza nessas horas, sei apenas o não saber do fim, mesmo assim te proponho a procura: uma das faces da poesia. um dos sentidos da vida. e a razão de nosso ofício.
"Do espanto nasce o poema" (Ferreira Gullar)
05/11/2011 em Igarassu
domingo, 2 de outubro de 2011
Luzia II
apura-se
de tuas pupilas
e todos os sóis
acesos em tua carne
sideram-me
até o cerne dos ossos
sexta-feira, 30 de setembro de 2011
Ao ouvir / voar / velejar (n)uma Barcarola
A melodia adensa-me nas coisas e na cena, sentir a música é muito mais que ouvir é um deixar-se devorar pelo som, é um ser- som... e os acordes, as escalas, e as vozes povoando o vazio, e o dedilhado nas casas da viola, as cifras fulgindo verdes, rubras, douradas do braço dos violões, das teclas cromáticas do cravo, do saltério que repousa no colo de acalantos, das cordas pendentes dos seios da pastora casta. O quarteto vocal derrama-se em dissonâncias, e um sudoeste vadio arrasta ora para longe, ora para perto a cantiga flutuando nas águas claras do Velho Chico. A sereia despiu-se mais, o rio se fez mais veloz, a melodia tornando-se árvore e sombra sobre a barcarola e os corpos delgados dos trovadores enrolando-se, rolando numa ciranda, fundindo-se em carne e nervo, incendiando-se com o diabolo in musica, tão longe agora o patíbulo e as chamas e o Santo Ofício. Ieronimus Bosch e Bach confabulam ao fundo numa chuva de partituras, telas pincéis e trompas inflamadas... tão instantânea é esta cena construindo-se, como este texto ensandecido, como este ouvinte preso ao feitiço daquilo que lhe pedra no peito e queima nas mãos... e os dedos já me pedem sons... e agora deixai-me pegar meu violão, que para nada serve o dizer nestas horas embriagadas:
quarta-feira, 22 de junho de 2011
Observação dos pássaros
Recife, Av. Guararapes, Edf. Almare (terraço)
A Neuza, que também os fotografou
I
Revoando
do ocaso
horas
ensurdecendo
relógios
num chilro sagrado e à deriva
miramos
o sol, mais densa das aves, que
vazando
o teto desta cidade
suspende,
ainda,
no mais alvo, exato,
dentre as cores,
seus: ovo
e
canto
II
De todas
as estrelas insones indóceis
o vôo
Impassíveis
ante
a lua incubando-se
grande mãe
ao ninho de trevas
silentes
Recife (Almare) 22/06/2011