um dormir claro,
como dormem as coisas
e nelas um relógio avaro.
Dorme.
o sol suspende-lhe
o meio-dia reto
sobre os ossos
e paira como abutre
velando a caça.
Dorme.
fechado em caroço,
exalando a ruína
na tarde da cidade.
Dorme.
incrusta-se
no branco de meus olhos
ignorando
meu espanto
e o silêncio do poema
apurando-se em sua sombra.
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