segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Poema de quando vi um menino na rua II

Dorme.
um dormir claro,
como dormem as coisas
e nelas um relógio avaro.

Dorme.
o sol suspende-lhe
o meio-dia reto
sobre os ossos
e paira como abutre
velando a caça.

Dorme.
fechado em caroço,
exalando a ruína
na tarde da cidade.

Dorme.
incrusta-se
no branco de meus olhos
ignorando
meu espanto

e o silêncio do poema
apurando-se em sua sombra.

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