I
Avenida,
Serpente em ebulição,
Zoom
repintando
Na
tela de cristal líquido
Escamas
de dragão,
Lagarto
em arco-íris,
Réptil
ao vivo e a cores,
Sem
vestígios de hemoglobina
Nas
bandeiras fincadas
No
relevo dorsal,
II
Avenida,
Galho onde o camaleão equilibra,
Linha
de passar a língua,
Eriçando
as paredes em nudez
De
arranha céu
Ali
seus passos (Saltando
Para
sala de estar via 3D
Junto
com brasões indecifrados
Nas
patas, nas costas,
Nos
sulcos das costelas,
Entre
as nervuras da pele,
Nas
paredes das artérias,
No
teto em rachadura do crânio,
Bem
atrás das duas candeias)
São
soterrados pela elipse
Na
escala descendente
De
Um
Grito
III
Avenida,
Tarântula em carne viva,
Incêndio
de patas semifusas
em rubato,
Bicho
que manchando a lente
Das
libélulas de aço,
Desconcerta
o voo, diz farsa.
Distorce
megapixels em sépia,
Mastiga
um carro blindado,
Cospe
um cadáver de olhos
Vazados
Por
onde gotejando
O
pus de toda cidade
IV
Avenida,
Cobra de duas cabeças
De
vidro temperado
Pela areia dos poros, pele do deserto,
Num
megafone, meio de rua, alguém
ordenando:
“Grafitar
o verso anterior nas sendas do corpo.
Depois
os passos. A torrente dos fartos.
Gravar
no asfalto a chama dos descalços.”
E
o bicho enfia-se de cabeça
No
ralo em redemoinho
Rumo
à lama e às plumas de outra fera
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