segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Kamikaze

I.
Provocar o vazio
e dar o salto.
Ir além da linha, dissipá-la
e negar o abismo sem sorvê-lo.
Ser apenas queda
sem escalas.
Deixar o corpo
aceso dentro da hora
e congelar os transeuntes,
os carros, as nuvens
na dança estática do agora.
Deixar-se no poema que inaugura
a tarde da cidade.
E fechar os olhos
lentamente
enquanto o sangue ainda arde.

II.
Olhar através do concreto.
O céu arranhado da cidade.
A hemorragia do ocaso
Ignorada no vôo.
E sentir-se exato
ao verter o enigma.
E não voltar atrás
antes da borda do vazio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário