sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Poemas Empedrados ou Quatro vozes sobre a Pedra




Para Leandro Pedrosa e sua "Pedra na Pista"
1.
Provoca-me a pedra,
impele-me a pedrar,
percorro-a então, pedra
buscando seu medrar,
abrindo exata pedra,
na pedra de empedrar,
densa em si, pedra,
pedra de amolar

Inerte não é a pedra
mas tenso o seu pedrar,
é pedra que brota pedra,
que já sabe o medrar
e guarda na sua pedra
a essência do empedrar
o pulsar, de pedra,
do meu pensar, amolar
2.
Intensa é a pedra,
num áspero pedrar,
ao conter na pedra
um explodir do medrar,
mas presa, a pedra,
no seu empedrar
silencia, torna pedra,
o verso de amolar

Secreta é a pedra,
se, prisioneira, pedrar
pois dentro de cada pedra
há sempre novo medrar
que procura, em pedra,
a quem empedrar
que se forma, na pedra,
poema de amolar
3.
As vidas de pedra
fruto do petrificar,
são vidas duras, pedra,
empedernidas no brotar
da pedra de outras, pedra,
da pedra de habitar,
daquilo que forma a pedra
e completa seu aguçar

Se a vida é pedra
em pétreo petrificar,
nascemos completa pedra
ou só depois do brotar
em vida concreta, pedra,
deixa-se habitar
por pedra que sendo, pedra,
não se anule do aguçar
4.
Na paisagem só pedra,
ou do livre petrificar,
se conhece a pedra
ao vê-la no chão brotar,
aquilo que vem, pedra,
no homem habitar
é pedra que o faz, pedra,
instrumento de aguçar

O homem aguça, pedra,
todo o seu petrificar
ao afirmar a pedra
e deixá-la por si brotar,
comforma-se com a pedra,
ao permitir seu habitar,
nas entranhas da vida, pedra,
sempre a aguçar, amolar

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